Por um Haiti sem Picaretas

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Por: Paulo Maia

Na coluna “Panorama Político”, do jornal O Globo, do dia 20, o colega Ilimar Franco disse que o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE) propôs ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), a ida de uma missão parlamentar ao Haiti e teve como resposta: ” Você não acha que vai atrapalhar mais que ajudar? A ideia é meritória, mas lá tá precisando de gente que pegue na picareta!”
No Haiti, depois do segundo tremor de terra, que chegou a 5,9 graus na escala Richter, o que estava ruim, chega a beira do caos. O país necessita de tudo, desde comida, água e remédios a homens de verdade. Enviar soldados, ainda que preparados, não é o bastante. Neste momento, é necessário mais do que isto. Precisa-se de homens que saiam de seus gabinetes, arregassem suas mangas, se façam presentes e vejam in loco a realidade provocada pela desgraça de uma tragédia.
Assistir a esta dor de longe, quando seres humanos e animais são devastados como em um filme de horror só degrada a nossa condição de raça humana. Temos que estar lá para que, assim, juntos, possamos traçar planos estratégicos, com uma logística rápida e contundente, a fim de se fazer uma ruptura e estancar a tragédia em que foi jogado o país. É preciso mostrar ao sofrido povo haitiano que solidariedade e trabalho caminham juntos e, definitivamente, tirá-los da rota de colisão com a fome, a dor, a miséria e, consequentemente, com a morte em massa, agora provocada pela total falta de tudo.
O povo brasileiro, que acredita que grande parte dos políticos não passam de picaretas que atrapalham mais do que ajudam, não deve se aquietar diante do que está acontecendo. Políticos foram eleitos para trabalhar e recebem suntuosos salários para isso. E no contexto do verbo trabalhar é glório a ida diária à labuta, como faz o nosso povo, mesmo ganhando míseros salários para isso. O trabalho é edificante, até mesmo em momentos como este, quando tem que ser executado em meio a casas destruídas, corpos dilacerados e miséria instaurada em uma nação que clama por ajuda, nação esta que tem o orgulho de ter sido a primeira no mundo a abolir o trabalho escravo, enquanto a nós coube a vergonha de termos sido a última.

PAULO MAIA É JORNALISTA, AMBIENTALISTA, DIRETOR PRESIDENTE DA ONG SOS AVES E CIA.

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