FALSA EUFORIA

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Por: Paulo Maia

Em nossa cultura, o ano termina em uma grande festa. Não importa o que vivenciamos e nem tão pouco o que o ano nos representou e, sim, a euforia da festa. E assim vamos nós… O ano termina, temos uma grande festa e, no dia seguinte, tudo começa de novo.
Penso que é aqui que devemos nos questionar, exatamente quando começa a euforia do fim do ano e logo no dia seguinte “começa” tudo de novo: o que este ano representou para nós? Ou, até mesmo, ampliar a questão e perguntarmos: o que estes últimos anos representaram para nós?
Nunca antes na história deste país tivemos as mentiras reveladas e imediatamente jogadas para debaixo do tapete em um jogo de faz de conta inacreditável, onde os fins justificam os meios. Se buscarmos pelos últimos anos em que vivemos, veremos que esta é a mais pura verdade.
Elegemos o presidente Lula, até então considerado de “esquerda”, que se comprometeu a trabalhar para os menos favorecidos e acabar com a nossa enorme diferença social mas, pelo que se vê, os afortunados é que foram os priorizados. Os banqueiros nunca contabilizaram tanto lucro fácil na história deste país e, eufóricos, agradecem, esperando que o próximo ano seja ainda melhor, ainda mais fácil.
Em suas promessas de campanha, uma chamava mais a atenção e fortalecia o nosso sentimento de dias melhores, de que o ano que iria se iniciar seria um pouco melhor: o fim da corrupção, o mal maior de nosso país. O mal que dilacera, que inviabiliza o nosso crescimento e favorece um grupo que há anos aniquila com nossa nação. A corrupção que nos torna miseráveis. Mas o que se viu foi um mar de lama instaurado no Congresso onde dinheiro, seu, meu, nosso, jorrou nas mãos de Dirceus, Delúbios e cia. A corrupção que deveria ser sepultada, sonho maior de nosso povo, estava mais viva do que nunca e acompanhada de homens que, ao longo dos anos, vergonhosamente depredaram este país. Esta depredação, infelizmente, não é só político-financeira, é também ambiental.
Nosso país vem ao longo dos anos sofrendo uma enorme degradação e os que degradaram, hoje estão de volta ao poder sob o aval do presidente e continuam degradando.
Com seus discursos fáceis, estas velhas e famintas raposas voltaram ao poder de onde, na verdade, nunca saíram. Suas ações devastadoras têm levado o nosso meio ambiente ao caos. Nossas matas, rios, mares e animais são dilapidados e surrupiados à luz do dia. A destruição da fauna e da flora é feita sem sentimento de culpa, pois tudo parece ser feito na forma da lei e nada os penaliza.
Este cenário só tende a piorar quando se vê que quem está à frente do Ministério do Meio Ambiente está mais preocupado em aparecer a cada minuto na midia do que em implementar projetos que fortaleçam um crescimento verdadeiramente sustentável e que penalize os culpados, lamentavelmente indo ao encontro do caótico pensamento da Ministra Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff: ” O meio ambiente é, sem dúvida nenhuma, uma ameaça ao desenvolvimento sustentável!”
Diante deste quadro é que se tem a certeza que temos muito pouco a comemorar e muito em acreditar que o ano que se inicia nos trará a verdade de um novo tempo. Um tempo onde o Presidente do Senado seja um homem de verdade e assuma seus enormes deslizes e desmandos financeiros e deixe o poder para quem saiba honrá-lo. Que a Ministra Chefe da Casa Civil perceba que o poder só tem valor quando é democratizado. Que o Ministro do Meio Ambiente deixe de ser festivo, tire o colete e arregace as mangas. E que, sobretudo, nós possamos alcançar a inteligência para elegermos um presidente de verdade que cumpra as suas promessas de campanha e que tenha a dignidade de ser honesto com o seu povo, não lhe enviando esmolas, seja qual for o argumento e, sim, fomentando o seu crescimento real.
Devemos acreditar que nesta virada de ano a nossa grande festa deva acontecer em nossa consciência, nossa arma maior, já que a democracia nos permite renovar e lembrar que em ano de eleição tudo pode mudar de verdade. Se pensarmos assim e buscarmos concretizar este pensamento, a nossa próxima virada de ano não será de uma falsa euforia, idealizada e comandada por poucos, e, sim, uma grande festa onde todos possam participar.
Neste último artigo do ano peço desculpas por algumas palavras, lembrando de um trecho da música “O progresso”, de Roberto Carlos: “eu queria falar de alegrias ao invés de tristezas mas não sou capaz, eu queria ser civilizado como os animais!” e desejo a todos um ano novo verdadeiramente renovável!

PAULO MAIA É JORNALISTA, AMBIENTALISTA, DIRETOR PRESIDENTE DA ONG SOS AVES E CIA.

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